Pode-se perceber, nos nossos dias, um movimento significativo de redescoberta do corpo como elemento importante na dinâmica do equilíbrio da personalidade. E é dentro desse marco que considero de grande valor a contribuição da Coreoterapia. Relacionada a várias técnicas que tomam o corpo como objeto de estudo, a Coreoterapia situa seu campo de trabalho, seus recursos e objetivos, sem desvalorizar ou se confundir com áreas afins. Sem pretensão de ser ou fazer psicoterapia catártica, a Coreoterapia se propôs a oferecer uma técnica auxiliar à psicoterapia, fornecendo a ela subsídios e possibilitando novas integrações naqueles casos em que a pessoa perde ou mantém muito frágil, ou não desenvolve harmonicamente a intercomunicação, a linguagem comum entre corpo e psiquismo. No relato clínico podemos perceber o desastre que ocorre na personalidade daquele que não convive bem com seu corpo, elemento de referência básico para orientar-se no mundo das pessoas e dos objetos. Principalmente, durante toda essa leitura, pude sentir a seriedade da Coreoterapia, no cuidado de selecionar pacientes e atividades, na atuação em conjunto com outros técnicos, num campo onde muitas vezes o real trabalho de corpo fica tão desvalorizado pela improvisação e os abusos, às vezes tão gritantes. Lado a lado com a seriedade científica, a Coreoterapia é um estímulo à reconquista da espontaneidade sadia, do mundo lúdico que, muitas vezes se perdeu na infância. Finalmente, cumprimento Eline, no seu empenho em sistematizar e transmitir seus conhecimentos, neste registro tão cuidadoso.