Qualquer pessoa razoavelmente informada sabe que a capital de um país é a cidade das autoridades, da política. Esse atributo transparece para o cidadão comum de diferentes formas, seja pela presença física daqueles que formalmente exercem o poder, seja pelos símbolos que evocam a tradição histórica do país e de seus principais personagens. Na Europa, as cidades-capitais são por excelência pólos irradiadores de cultura e civilização para seus países. Na história norte-americana, os founding-fathers criadores do Estado republicano optaram pela criação de uma cidade pequena, apartada do resto do país, voltada exclusivamente para abrigar os poderes nacionais. Após vencer algumas resistências iniciais, Washington firmou-se como sede de governo, cresceu e transformou-se em show-place da nação norte-americana. Na experiência política brasileira, estes dois modelos serviram de referência. Durante a época moderna, o Rio de Janeiro afirmou-se como Corte Imperial, ou seja, como a capital de um novo império nos moldes das congêneres européias. Com a derrubada do regime monárquico, esse modelo de capital foi colocado em questão, assim como a permanência da cidade do Rio de Janeiro como sede do governo. Fundada sob a égide do federalismo, que pressupunha a descentralização do poder, a República não poderia conviver bem com um poder central forte, abrigado na então maior cidade brasileira, que exerceria sua influência sobre todo o país. Um novo formato, inspirado em Washington, deveria ser intentado