O nascimento do Tocantins em 1988 permitiu que se lançasse um olhar diferenciado sobre uma região excluída, marginalizada, preterida pelas autoridades metropolitanas, imperiais ou republicanas durante o curso da história brasileira. Pesquisadores trazem à luz constantemente histórias inexploradas, páginas marcantes da vida desse povo tão guerreiro e batalhador, que é o povo nortense. E é justamente por isso, que a presente obra não se preocupou em se ater a uma historiografia oficial que surgiu quando da criação do Estado, que se mostrou essencialmente personalista. A necessidade como dizia Gramsci, de um Estado de possuir seus mitos e suas lendas, para atuar na base da coerção, pode ter influenciado as pesquisas históricas distorcendo um pouco a verdade dos fatos. A omissão de alguns nomes considerados importantes para a História local, que inclusive devem ser "decorados" por aqueles que vão prestar os concursos públicos e os vestibulares, ocorreu não de forma proposital, mas fruto de um momento na historiografia onde não se privilegia os grandes personagens, os grandes fatos e feitos, mas o cidadão comum, o cotidiano, as relações culturais e a vida privada. A história tocantinense precisa ser revista, e é preciso que se comece "a vê-la debaixo", distante dos interesses políticos e palacianos. A própria criação do Estado que foi associada à participação de poucos, deve ser vista como a participação de muitos. O Tocantins não tem um "criador", sua existência no mapa do Brasil a partir de 1988, é fruto de um processo histórico secular, alicerçado pela disparidade de duas regiões que pertenceram a uma mesma Capitania, Província e Estado, mas que adquiriram dinâmicas históricas de desenvolvimento bem diferenciadas. A própria formação cultural, o povoamento, a migração determinaram um distanciamento do ponto de vista antropológico, bem marcante.