Baseado no referencial teórico da psicanálise, o presente livro busca investigar um tema que ultrapassa as barreiras individuais, mas que toca cada sujeito de modo singular: a face mais social do traumático e sua vivência a nível coletivo. Acompanhando os escritos teóricos e clínicos do psicanalista húngaro Sandor Ferenczi, bem como a leitura da filósofa Judith Butler sobre a noção de reconhecimento, foram tecidas considerações sobre o desmentido (conceito basilar da psicanálise ferencziana). Ao longo dos capítulos, tal conceito pode ser associado a uma recusa ao reconhecimento da vivência de quem sofreu um trauma, ou mesmo de uma recusa ao próprio sujeito dentro da complexa malha social a qual estamos todos inseridos de diferentes formas. Dada a complexidade de tal argumento, o trabalho empenhado se fez possível a partir de um diálogo entre psicanálise e outros campos de saber vizinhos.[...]