Entre os antigos, Sócrates fez das ruas e do mercado público a sua ágora, espaço de diálogo e ação. Platão fundou a Academia. Aristóteles, o Liceu. Os estóicos reuniam-se em um pórtico. Epicuro filosofava com os amigos no Jardim. Os exemplos são muitos e todos eles têm como ponto de partida a iniciativa de alguém com vistas a instituir um local, um tópos, para o exercício do lógos, um território de todos, de ninguém e de cada um que assumiu a aventura de perscrutar o sentido do humano. Atualmente, vem de longa data o debate sobre a necessidade da presença da disciplina de Filosofia na formação básica, traduzindo-se, em 2006, na sua obrigatoriedade legal no Ensino Médio. Trata-se de uma condição bastante específica, pois a trama das relações entre Filosofia e sociedade impregna, de muitos modos, a própria história do pensamento. Este é o lugar, o tópos, no Brasil, desde onde outros lugares e não-lugares poderão, talvez, ser indiciados a partir da condição ética e política do livre exercício do pensar. Pensar nas interfaces entre Filosofia e sociedade no contexto de um espaço legalmente conquistado é refletir sobre o modo como esse espaço será ocupado - e, em seu dinamismo, transformado. Esta obra propõe-se a pensar a Filosofia do ensino de Filosofia e sua práxis, refletindo sobre as interlocuções que este ensino mantém com outros saberes e com a problemática social.