Embora tenha sido premiado em 1985, como um dos três ganhadores (em segundo lugar) do Prêmio Rio de Literatura da Fundação Rio, sempre pareceu ao autor que Ângelo Sobral Desce aos Infernos poderia ser melhorado, com alguns burilamentos e cortes; o que ele acabou fazendo, quase 30 anos depois, tornando-o mais denso e, embora possa parecer paradoxal, mais leve. O narrador é um escritor maduro que acaba de enviuvar e, em meio aos sentimentos despertados pela perda, passa a registrar num caderno reflexões sobre a vida, a literatura, lembranças da infância, fatos corriqueiros, ao mesmo tempo em que esboça personagens diversos - belos, sonhadores, trágicos, atingidos pelo cotidiano implacável, inclusive pelos horrores da ditadura militar. Um romance que se situa num espaço do país e do Tempo, mas, sobretudo, uma obra que vai além de qualquer lugar e época, pois fala do que somos em toda parte e sempre - ou seja, da condição humana.