As Cartas de Tiago e de Judas, respectivamente a primeira e a última das Cartas Católicas ou Gerais, revelam a diversidade na recepção do legado de Jesus Cristo nas comunidades cristãs do fim do século I. Elas têm em comum sua origem no judeu-cristianismo e mostram as raízes judaico-bíblicas dos escritos do Novo Testamento. Este comentário deseja introduzir o leitor na comunidade de compreensão dos autores e dos primeiros leitores, a fim de aferir pela experiência deles as compreensões atuais. As cartas aparentam ser simples, mas para as ler com simplicidade é preciso abandonar alguns conceitos encrustados. Deixar o texto dizer o que diz, tentar captar o sentido que aflorou na comunicação originária, sem obrigá-lo a se pronunciar sobre questões levantadas séculos mais tarde. Dar a palavra ao outro: os dialogantes da primeira hora, talvez não identificados historicamente, mas percebidos a partir do próprio texto.