Plastiglomerado. Não só a garça da national geographic, agasalhada em saco linha de mercado, nalgum lixão antártico, e pelos correios em mais dois invólucros plásticos. Um novo mineral, em que se incrustam pólipos e crustáceos, o qual abraçam as raizinhas dos musgos e veiazinhas dos animais, já é reconhecido pela ciência: plastiglomerado. Sem hífen, fundiu-se a natureza ao plástico. Os profetas e os poetas processam o lixo dos séculos; e salvam o planeta, porque Bispo do Rosário roga por nós, milenarismos de papelão no carrinho de um catador ou, num verso de amor pelos espaços virtuais, um buquê florido de pixeis: porque alguém saca, do lixão, uma flor, há dignidade no manicômio-Terra. Resta o desafio à poesia de nosso tempo, em sua tentativa de abraçar as coisas: assimilar o plástico, respirar a nuvem de poluição informacional, e fazer surgir daí seu novo elemento. Dos conglomerados ondulantes azuis, invocar uma Rainha do Mar, híbrida de águas e tecnologia descartável, [...]