Redigida entre julho e dezembro de 1849, quando o autor se encontrava no cárcere da Fortaleza de Pedro e Paulo, em Petersburgo, à espera da sentença que o desterraria para a Sibéria, a novela Um pequeno herói nada revela das terríveis condições em que foi escrita. Nessas páginas, em contraste com a experiência sinistra da prisão, Dostoiévski criou uma obra luminosa e delicada, que revela sua capacidade sem paralelos de entrar na alma de um personagem e lançar luz sobre os processos que se passam justo aquém da consciência. O cenário é uma propriedade no campo, durante uma temporada de verão, onde se encenam os jogos de entretenimento da rica sociedade russa. Nesse ambiente festivo, cercado por uma natureza exuberante, um garoto de onze anos vive sua primeira experiência amorosa significativa, mesclada à percepção difusa de sua sexualidade e da dos adultos. Com mão de mestre, e muito antes de Freud, Dostoiévski conduz o leitor pelos meandros da alma infantil até seu ponto mais sensível, ali onde se inscrevem - decisivas como num rito de passagem - a descoberta da própria dignidade, impulsionada por eros, e a primeira ofensa, infligida ao sentimento pelo jogo das máscaras sociais. Uma obra-prima a ser redescoberta na primorosa tradução de Fátima Bianchi, acompanhada pelas brilhantes xilogravuras de Marcelo Grassmann.Escrita em 1849 - quando o autor estava preso, acusado de conspirar contra o tsar Nicolau I -, Um pequeno heroi e uma das obras mais luminosas de Fiodor Dostoievski e uma excelente introducao ao seu universo. Com uma prosa sensivel e arrebatadora, a novela descreve o despertar do sentimento amoroso e da individualidade de um menino de onze anos. Em uma casa de campo nos arredores de Moscou, durante uma temporada de verao, a alta sociedade russa passa o tempo entre piqueniques, jogos de salao e bailes. Nesse cenario, Dostoievski contrapoe a profundidade de sentimentos do menino ao mundo futil e vazio das convencoes sociais. Uma pequena joia a ser redescoberta na traducao, direta do russo, de Fatima Bianchi, ilustrada com gravuras de Marcelo Grassmann.