Quarenta anos depois da segunda edição da Dialética do Esclarecimento, em pleno movimento estudantil na Alemanha do pós-guerra, seis professores brasileiros, especialistas na assim chamada "Escola de Frankfurt", perguntam novamente sobre a relação entre verdade e história dessa obra, um marco fundamental da Filosofia no século 20. Respondem com Adorno e Horkheimer que, se não se pode abstrair do "núcleo de história" de toda teoria, portanto do contexto dramático de sua publicação (a primeira edição data de 1947), deve-se também apontar tanto as críticas possíveis a essa sombria descrição da razão instrumental quanto seus acertos proféticos. Dividido em seis capítulos que se atêm às seis partes da obra, sem esquecer os "Elementos do Anti-Semitismo" e as "Notas e Esboços" finais, o livro revela tomadas de posição bastante diversificadas. Todos os autores concordam, entretanto, com um "núcleo" histórico e igualmente natural comum: não pode haver sujeito humano que mereça esse nome sem a "rememoração da natureza no sujeito", isto é, uma auto-reflexão sobre a radical inscrição do bicho homem dentro da natureza, longe, portanto, do orgulho de uma consciência racional dominadora e auto-suficiente; e não pode haver nenhum pensamento verdadeiro que não seja também luta contra o sofrimento e negação da injustiça. Essas exigências continuam definindo um exercício da Filosofia, certamente rigoroso, mas que não se exaure na análise técnica dos clássicos nem na reprodução do previamente dado: uma Filosofia crítica.