A esperta Halide Efendi tinha apenas sete anos quando ouviu pela primeira vez uma menina de sua idade entoar numa mesquita o "Mevlud", tradicional hino turco atribuído à mãe de Maomé. Ela só não podia imaginar que essa imagem era uma visão do espírito da própria mãe quando criança - e que jazia naquele momento dentro de um caixão. O estranho acontecimento significava que Halide acabara de receber de sua genitora um dom muito especial: o poder de ver e se comunicar com os mortos. Seguia-se, desse modo, a tradição de todas as mulheres de sua família ao longo de séculos - um segredo que ela deveria preservar até o fim de sua vida. Assim começa O dom de Halide, primeiro romance traduzido para o português de Frances Kazan, que a Editora Globo está lançando no Brasil. Trata-se de uma aventura carregada de paixão e luta, inspirada na vida real de Halide Edib Adivar, filha de uma importante família otomana de Beshiktash, na periferia de Constantinopla, atual Istambul. Halide viveu na virada para o século XX e foi uma mulher extraordinária em seu tempo. Tornou-se a primeira garota a se formar no Colégio Americano para Meninas da capital turca, combateu o preconceito e lutou pela emancipação feminina.