“Ora, que diabos se passa no mundo, no Brasil? Este ensaio é uma tentativa de aplacar a perplexidade diante do que estamos experimentando. Meu horizonte mais ambicioso é, tanto quanto possível, compreender o que nos trouxe até aqui, com vistas a orientar ações políticas consequentes, capazes de nos tirar do atoleiro em que nos encontramos. (..) Não falta quem agora sonhe com a volta à pasmaceira experimentada pelos progressistas no período petista. Não é meu caso. A travessia que nos cabe é perigosa e exigente, mas também instigante e ao menos potencialmente interessante. É, de qualquer maneira, em horas como esta que a vida intelectual tem que dizer a que veio. Para o historiador norte-americano Timothy Snyder, surge no mundo uma nova forma de fazer política, o sadopopulismo. Funciona assim: em vez de tentar solucionar problemas, o governante deliberadamente fomenta crises que geram dor, ansiedade e medo (daí a referência ao sadismo); criados esses sentimentos, ele os toma (...)