Entende-se a importância desse livro e da criação desse novo conceito, Representações Sociais, quando nos damos conta de que ele vem criticar e superar as duas características centrais da Psicologia Social hegemônica na época. Em primeiro lugar ele resgata e mostra que uma Psicologia Social deve ser, antes de tudo, psicologia, isto é, ela tem de dar conta de um espaço que é imaterial, representacional, simbólico, numa palavra, psíquico. Ela não pode ser reduzida apenas aos aspectos neurológicos, genéticos, ou a dimensões puramente biológicas. E em segundo lugar, para ser uma Psicologia Social, ela tem, igualmente, de dar conta da existência de realidades tão reais e concretas como as materiais, mas que são também, além de psicológicas e representacionais, sociais. Essas são as Representações Sociais, esses conjuntos de crenças e saberes socialmente construídos e partilhados, com os quais e através dos quais nós pensamos, falamos, decidimos o que fazer, nos apropriamos do mundo e lhe damos sentido.