O escritor e jurista Roberto Victor Pereira Ribeiro traz à tona um retrato cuidadoso da Grécia antiga e de Atenas: a cultura, os hábitos, as relações sociais, a política, as guerras, as artes, a filosofia. E, nesse quadro tão instigante, a figura de Sócrates, sábio, educador, filósofo, mestre de Platão e Xenofonte, crítico de sua época e dos costumes, verberando os políticos, ensinando os jovens a assumirem sua posição na sociedade ateniense, instigando-os com seu método de perguntas e respostas, criando a maiêutica, até hoje cultuada pelos educadores conscientes da necessidade de um ensino crítico e motivacional. Sócrates, que incomodava os atenienses com suas obras e seus discursos e só por isso foi processado, sob as falsas acusações de corromper a juventude e de não cultuar os deuses pátrios. Uma cidade inteira contra um ancião de 70 anos, que pela mão dos acusadores - o poeta Meleto, o empresário e político Ânito e o orador Licon - é condenado à morte, após recusar o auxílio de grandes advogados, dos discípulos e dos amigos, para fazer sua própria defesa, com lições de sabedoria, serenidade e humildade. A espera paciente da execução, a recusa da fuga e do exílio (a lei tem que ser cumprida), o fim digno e altivo pela própria mão, sorvendo a cicuta. E o remorso de Atenas, berço da democracia e da liberdade, por ter sacrificado à intolerância seu cidadão mais ilustre. Uma história antiga de vida e morte paradigmáticas, da qual se extrai a lição para os dias de hoje: uma lição de aceitação das diferenças, de respeito pelas ideias, do opróbrio de se punir alguém por suas convicções, do embate entre a liberdade de consciência e a intolerância.