Esta obra se ocupa do projeto educador dos gregos direcionado à infância. Imersa nesse projeto, ganhou destaque, desde os primórdios, a chamada paiderastía, termo que não comportava o mesmo significado jurídico e semântico de nosso pederastia. Foi uma iniciativa que perdurou por séculos e que, mesmo entre os gregos, transitou como uma das proposições mais espinhosas e controversas. São dois aspectos distintos aqui levados em conta: um, a extraordinária importância que os ideais da paiderastía alcançou no trajeto histórico que fez da educação um dever do Estado e que pôs na infância a esperança de renovação e de qualificação da civilidade; outro, o modo como tais ideais transitaram na posteridade sob as ambivalências do vício e da virtude, da retitude e do desvio, e de outros atropelos que, de tempos em tempos, sofreram na vida prática. Sem deixar de lado o segundo aspecto, a obra prioriza o primeiro: a relevância da paiderastía (do cuidado amoroso dedicado ao paîs/paidós) [...]