Daniela Carolina Perutti faz neste livro uma espécie de “biografia interessada”. Ao invés de tentar dar conta do conjunto da história do pintor, a analista arguta seleciona contextos: a educação (entre o campo a cidade); a formação na Academia de Belas Artes; o estágio fora do país; uma carreira improvável no “interior” paulistano; ou a inserção dentre as redes políticas, econômicas e sociais de São Paulo. Cada um desses pequenos detalhes como que ilumina percepções inesperadas presentes nas telas, sem que, com essa perspectiva, a antropóloga suponha uma relação fácil com o contexto imediato. A obra de arte reflete, mas também produz convenções, modas e costumes, e Daniela, em nenhum momento, faz interpretações objetivistas, que supõe uma relação de dependência entre o momento e a obra.A analista preparada também percebe neste cuidadoso trabalho as correlações entre a fatura de Almeida Junior e a conformação de uma nova identidade paulistana, sedenta de símbolos que lhe conferissem certa identidade particular.