Sendo o espaço e a cidade objetos de desejos, interesses, seduções, sedições, apropriações, batalhas, vitórias, derrotas, requerem que sejam analisados historicamente. Esta pesquisa investiga e problematiza a construção dos espaços públicos da cidade de Jardim do Seridó, sertão do Rio Grande do Norte. Abrangendo as primeiras décadas do século XX, entre 1917 a 1930, quando a municipalidade jardinense foi presidida por Heráclio Pires Fernandes, formado pela Faculdade de Farmácia do Recife, onde entrou em contato com as influências arquitetônicas, políticas e artísticas que circulavam na capital pernambucana. Nas primeiras décadas do século XX, o espaço jardinense passa a ganhar enunciados e práticas, frente ao discurso da modernidade, que buscava legitimar o título de "Veneza Seridoense". Nessa época, a cidade passou por diversas transformações em seus espaços públicos, através da construção do Açougue, o Mercado, as Estradas Públicas ligando a cidade aos outros centros urbanos, a edificação da Ponte da Fazenda Pedra Lavrada, o Grupo Escolar "Antônio de Azevedo", a criação da Banda de Música "Euterpe Jardinense", o Grêmio Literário e Recreativo Jardinense, o Coreto, o calçamento, arborização, iluminação, nomeação e enumeração das ruas, a pintura anual das residências, a chegada dos automóveis, os correios e o telégrafo. A construção desses novos cenários e a chegada de equipamentos geraram impactos no cotidiano da população e foram recepcionados de formas diferenciadas pelos sujeitos envolvidos no processo, o que mostra a tensão entre o velho e o novo, na relação entre história e espaço.