Como contar a própria vida? Italo Calvino ensaiou um projeto de autobiografia nos moldes tradicionais, à maneira de um romance realista, mas foi com estes fragmentos, reunidos postumamente, que o autor de As cidades invisíveis deixou a imagePode parecer paradoxal que a melhor síntese de toda uma vida seja franqueada precisamente por relatos descontínuos, variados, em que a mudança prevalece sobre a constância. No entanto, aí está a chave - Calvino foi um dos mais inventivos e inquietos escritores da segunda metade do século XX, um mestre da forma breve, sismólogo brilhante de tempos de ruptura e dispersão. Coerente com o mundo em que viveu, preferiu evitar um relato totalizador, no qual cada um de seus leitores pudesse finalmente reconhecer uma moldura que enquadrasse, num conjunto único e definitivo, a trajetória do menino nascido por acaso em Cuba, do jovem militante da Resistência e do Partido Comunista Italiano, do homem maduro que se fixou em Paris para sentir-se estrangeiro ou eremita, como sugere o título do livro.Pode parecer paradoxal que a melhor síntese de toda uma vida seja franqueada precisamente por relatos descontínuos, variados, em que a mudança prevalece sobre a constância. No entanto, aí está a chave - Calvino foi um dos mais inventivos e inquietos escritores da segunda metade do século XX, um mestre da forma breve, sismólogo brilhante de tempos de ruptura e dispersão. Coerente com o mundo em que viveu, preferiu evitar um relato totalizador, no qual cada um de seus leitores pudesse finalmente reconhecer uma moldura que enquadrasse, num conjunto único e definitivo, a trajetória do menino nascido por acaso em Cuba, do jovem militante da Resistência e do Partido Comunista Italiano, do homem maduro que se fixou em Paris para sentir-se estrangeiro ou eremita, como sugere o título do livro.