Neste livro, o autor busca conciliar a Psicanálise e a Literatura Alemã, propondo uma revisão dos limites epistemológicos que, em tese, separariam estes domínios. Para tanto, seguindo a orientação do analista de discurso Pedro de Souza, apresenta o fundador da psicanálise, e aquele a quem Freud confessa em carta considerar seu duplo-artístico - o dramaturgo e novelista Arthur Schnitzler. Partindo da série de coincidências que unem estas personalidades - contemporâneos vienenses, médicos, de origem judaica, interessados pelos temas da morte e da sexualidade - o autor convida a uma reflexão quanto aos rumos que ambos encontram ao abandonar a medicina em direção a um saber em que a linguagem se torna objeto e modus operandi. Trata-se de um saber onde sonho, sujeito e olhar, descortinam uma dimensão de verdade inexplorável pela ciência, a não ser pelo recurso à construção ficcional.