Primeira encíclica de seu pontificado, Deus caritas est, é um chamamento do papa Bento XVI para que o povo de Deus coloque em prática o versículo “Deus é amor, e quem permanece no amor permanece em Deus e Deus nele” (1Jo 4,16). Dividida em duas partes, a encíclica analisa o amor que Deus oferece ao homem e o mandamento do amor ao próximo. Bento XVI consegue unir, em seu texto, a profundidade das verdades teológicas abordadas e uma linguagem clara, acessível ao cristão que pretende beber diretamente da fonte das determinações do Vaticano. Em vários momentos de Deus caritas est, o atual papa lembra os feitos e as palavras de seu predecessor, como quando recorda o engajamento social de João Paulo II, empenhado em conquistar um mundo mais justo para todos, e quando deixa claro que o novo pontificado não representa uma ruptura com a obra que vinha sendo realizada: “Desejo aqui confirmar explicitamente aquilo que o meu grande predecessor, João Paulo II, escreveu na sua Encíclica Sollicitudo rei socialis, quando declarou a disponibilidade da Igreja Católica para colaborar com as organizações caritativas dessas Igrejas e Comunidades, uma vez que todos nós somos movidos pela mesma motivação fundamental e temos diante dos olhos idêntico objetivo: um verdadeiro humanismo, que reconhece no homem a imagem de Deus e quer ajudá-lo a levar uma vida conforme a essa dignidade.” Desse modo, ao discorrer — de maneira brilhante - sobre o significado do amor de Deus para com os homens e o imperativo de espelhar esse amor na convivência entre todos, Bento XVI lembra que essa é uma missão de vida não apenas para cada cristão, mas também da Igreja e suas organizações caritativas. Fazendo eco, mais uma vez, às posições de João Paulo II, o papa Bento XVI ratifica que, independentemente de partidos e ideologias, o amor ainda é o maior testemunho que se pode dar de Cristo.