Um despertar subito as seis da manha, e nascia ali o primeiro poema de Renata Facco de Bortoli, escrito ha cinco anos. Aquele amanhecer despretensioso, pedra fundamental deste livro delicado e ao mesmo tempo forte, seguiu-se o piar de uma coruja, escondida entre as muitas arvores que cresciam proximas a casa da poeta gaucha. Com frequencia associadas a sabedoria e ao misterio, mas tambem ao poder feminino e a intuicao, as corujas tornaram-se interlocutoras desejadas, esperadas por Renata, como se cada encontro carregasse em si um significado proprio e como se, com seus grandes olhos, elas estivessem sempre a observar a autora. O tempo e a escrita a transformaram, e logo ela alcou voo tal como uma ave, leve para enfrentar um processo de luto. Coruja anuncia poemas que me voaram e, ao fim e ao cabo, esse voo livre, esse pio escondido na mata: introspeccao, desenvolvimento e construcao. A degustacao de um planar ao sabor dos ventos.