VACA. Não é novidade o gesto de apropriar-se da ofensa e convertê-la em experiência de afirmação. BIXA, QUEER, PUTA, SAPATÃO são palavras ressignificadas porque, de objeto do discurso violento, passam a ser reposicionadas por aqueles e aquelas que as recebiam como injúria. No entanto, vias distintas se refletem a partir de uma ou outra perspectiva: de um lado, subverter os marcadores de violência reivindicando identidades agora positivadas diante do opressor, de outro, ir em direção à violência que subjaz aos termos, perscrutando-os de dentro, e correr o risco de uma identificação perigosa mas que tem, creio, o potencial de dissolver as posições que garantiam a equação opressiva. Essa, acredito, é a via negativa, a via abjeta adotada por Bruna Betito. VACA. em um gesto sacrificial esse abate! encontra também um significado profanador no sentido Agambeniano, porque ao re-jogar o jogo, ludicamente, desvela seus mecanismos, desmonta-os e abre os sentidos capturados contidos (...)