O livro opera no limiar da literatura brasileira e argentina, mais especificamente com dois de seus escritores bastante admirados, mas não raro censurados pela crítica em função de supostos deslizes de linguagem e estilo. Lima Barreto (1981-1922) e Roberto Arlt (1900-1942) são "homens do subsolo" no espaço da literatura nacional e foco deste livro que procura acompanhar o exílio e a relação de algumas de suas principais personagens com a comunidade. A partir da definição do conceito de exílio como negatividade, tal como estabelecem Maurice Blanchot, Jean-Luc Nancy, Giorgio Agamben, Franco Rella, entre outros, é possível detectar que a série de personagens solitárias e torturadas, presentes nos romances, participam de um verdadeiro projeto de exaustão do sentido da comunidade que se funda no território. Tal projeto é, com efeito, fundamento de outra experiência de comunidade. Esta última não faz obra, não opera limite, mas se dá como exílio, como abertura, como acolhimento do ser inqualificável.