Duas vozes entrelaçadas. Uma, revoltada, de Georges Bernanos, testemunha direta da guerra civil espanhola, que denuncia o terror exercido pelos nacionalistas, com a bênção da Igreja Católica, contra os pobres ruins. Outra, revigorante, de Montse, da narradora e pobre ruim que, setenta anos depois dos acontecimentos, apagou tudo de sua memória, exceto os dias radiantes da insurreição libertária que abriu a guerra de 36. Duas visões que ressoam estranhamente no nosso presente, como que encantadas pela literatura de Lydie Salvayre, entre a violência e a leveza, entre a brutalidade e a sutileza, carregadas por uma prosa ora impecável, ora abusada e alegre.