No país profundo, periférico e quase invisível, onde vive boa parte do povo brasileiro, começa e termina a história da pequena Dendiara, ou Dendy, como batizaram os que a encontraram na extensa região fronteiriça do Brasil com a Guiana Francesa. A menina desafortunada, que veio da mais áspera miséria, carrega em seu percurso um símbolo da controversa ocupação da Amazônia. A personagem ficcional reúne recortes da realidade vivenciada de perto pela autora, no período em que foi cônsul-geral do Brasil em Caiena. Da sua narrativa, emergem garimpos ilegais de ouro, que desnudam e quebram o solo da região amazônica, injetando-lhe mercúrio e ambição. O enredo ganha intensidade em meio a personagens ribeirinhos, a animais selvagens e a presença ainda exuberante da mítica floresta. As águas dos rios imensos e dos pequenos igarapés correm o tempo todo pelas páginas. O passeio de Dendiara não é apenas um livro instigante, capaz de surpreender e capturar o leitor.