No ano em que comemoramos os 400 anos do nascimento de Padre Antônio Vieira, um dos principais e mais fascinantes - apesar de pouco estudado - personagens de nosso passado, o historiador Clóvis Bulcão publica uma obra reveladora sobre sua vida, sua época e seu legado. "Como explicar que alguém tão reverenciado em seu tempo ocupe uma posição tão pálida na história do Brasil?", pergunta o autor na introdução. Em Padre Antônio Vieira: Um esboço biográfico, Bulcão faz jus à sua importância e, ao trazer à tona sua biografia e sua obra, nos ajuda a entender nosso próprio comportamento. Bulcão mostra que, apesar de escritas há quase quatro séculos, as palavras de Vieira, que conhecemos sobretudo através de seus famosos sermões, não apenas se mantêm atuais como têm um caráter profético, prevendo que, para progredir, o Brasil precisaria abandonar diversos conceitos - entre eles a exploração dos índios e a escravidão. Ele foi um dos pioneiros na defesa dos direitos humanos e na propagação de valores inéditos de igualdade e progresso. Vieira pregava para o povo, falava para multidões; suas idéias, portanto, permanecem límpidas ao leitor contemporâneo. "A única tarefa mais complexa", escreve o autor, "é mergulhar no século XVII e tentar nadar em águas nem sempre claras. Se for verdade que é no passado que devemos compreender o presente e antever o futuro, certamente restará deste estudo uma nostalgia do tempo em que no Brasil havia um projeto político para nos inserir num plano de destaque no mundo." As orelhas são assinadas por Moacyr Scliar, para quem Padre Antônio Vieira: Um esboço biográfico é "uma das obras mais importantes já publicadas sobre uma das mais extraordinárias figuras da história luso-brasileira. (...) Extremamente pertinente, não só porque [em 2008] se comemora o quarto centenário do nascimento de Vieira, como também pelo fato de que, paradoxalmente, sua trajetória e sua obra não têm sido devidamente lembradas pelo público em geral. (...) Conhecê-lo é indispensável para quem quer ver o nosso país melhorar. E nesse sentido devemos ser gratos a Clóvis Bulcão por esta obra oportuna, necessária e - por último, mas não menos importante - de agradabilíssima leitura."