É intrigante constatar quanto tempo o poeta Jayme Ferreira Bueno tardou para, finalmente, publicar este O soneto e outras formas poéticas, em que reúne versos escritos ao longo de cerca de sete décadas. Autor desde os anos 1940, estudante de Letras na década de 1950, professor desde os anos 1960, eis que apenas em 2020 ele opta por divulgar seus poemas nas páginas de um livro. Só se alcança a verdade artística afirmam os melhores teóricos quando se atinge a província da beleza. Para tanto, é necessário aliar o domínio formal a algum elemento instável e incerto, esgorredadiço e fugidio. Lirismo, inspiração? Não importa o nome. Uma dúvida pode surgir: esses elementos se fazem presentes mesmo quando o poeta exercita o preenchimento de uma forma predeterminada, quando simula ter incorporado o Zeitgeist alheio, escrevendo de acordo com estilos de outras épocas, ou quando assumidamente compõe à maneira de Camões, Machado, Drummond ou Adélia Prado? [...]