As crises geradas pela pandemia da Covid-19 transcendem seus impactos sanitários. Neste contexto, são explicitadas injustiças socioeconômicas, ambientais e de gênero que são a base do padrão da acumulação capitalista. O vírus explora os próprios circuitos do capital para chegar aos lugares mais recônditos do planeta, atingindo de forma violenta comunidades indígenas, quilombolas e ribeirinhas. A inter-relação entre as crises sanitária, socioambiental e climática é evidente. A discussão sobre os impactos da pandemia e das mudanças climáticas não pode estar dissociada das relações sociais constituídas numa sociedade capitalista, sendo, portanto, imprescindível fazer este debate a partir das questões de raça, gênero e de classe. Esta conjuntura também explicita a insustentabilidade e o avassalamento do modelo neoliberal extrativista e agroindustrial que destrói territórios e devasta a vida.