Nesta leitura de Schopenhauer, Vilmar Debona busca a possibilidade de uma formação nas brechas deixadas por esse pessimista honesto. Essa formação que não é, por certo, ausência de sofrimento mira a possibilidade de compartilhar a vida sofrida, tal como é, com outros seres sofredores, tornando-a menos hostil e mais justa. Se nascemos, e se não morremos jovens, é preciso encarar a vida, enfrentando-a com seus sofrimentos. Nenhuma denegação, apenas uma coragem, por assim dizer heroica, desponta na pequena ética e no pessimismo pragmático nomeados por Debona. De derrota em derrota até a vitória, mesmo que esta nunca aconteça! Esta interpretação dá vida nova à filosofia de Schopenhauer, pondo ao lado da corrente idealista de que faz parte a contracorrente realista, que permite ao sujeito volitivo a sua inserção no mundo. (Por Maria Lúcia Cacciola)