Esta obra impõe-nos, como condição inegociável para a sua devida leitura, que consintamos com a presença, ao mesmo tempo obtusa e íntima, daquela que anuncia, numa espécie de introdução atemorizante, que a finitude é certa. Mas nublar o prólogo com as nuvens derradeiras de um epílogo fatal é apenas uma das cintilações deste livro admirável. Nem verbo, nem carne, nem serpente, nem estrela: a morte, mostra Mike Sullivan, constitui um advir inescapável e irredutível ao acidente e à exceção. De sua visitação insistente resulta o desfolhar das vidas em câncer e fogo, em janelas abertas e saudade. Conduzido por uma escrita veemente, pessoal e decidida, “O sentido e o fim” reúne uma seleção de personagens cuja existência, capturada no curso de sua agonia, está a se desenhar em uma atualidade flechada pelo passado, cuja carne se expõe, ao mesmo tempo crua e amorosa, ao futuro.