Um repórter recém-formado parte para a Amazônia em busca de boas histórias. Não há trajeto específico a ser seguido, nem data marcada para o retorno. Como um rito de passagem para a vida adulta a viagem é também uma forma de buscar o extraordinário, de fugir da mediocridade, de evitar estágios e primeiros empregos. É uma arriscada tentativa de controlar o curso da própria vida.
Após alguns meses, num barco entre Belém e Manaus, ele conhece Jaque, uma viajante canadense, legítima new age traveler. Os dois se apaixonam e, ironicamente, a fuga torna-se um encontro. O relacionamento começa denso e incendiário, mas, aos olhos do jovem repórter, a segurança e o conforto trazidos por Jaque se opõem à busca pela liberdade incondicional. Ao se dar conta disso, o personagem passa a viver num dilema crescente, que o leva a tomar atitudes de consequências desastrosas.
Narrado em primeira pessoa, Avesso é a catarse de seu personagem central que, atônito, percebe a incapacidade de controlar o próprio destino. É um asfixiante mergulho nas inquietações da juventude; uma profunda reflexão sobre as limitações trazidas pela maturidade, sobre a constatação da impossibilidade de se ter exatamente o que se busca. Escrito num fluxo vertiginoso, o texto não é separado em capítulos, e sim por flashes de acontecimentos futuros, que atiçam a curiosidade do leitor e tornam a prosa atraente e incomum.
Se em seus livros anteriores Chiaverini usou técnicas de ficção para fazer jornalismo, agora a situação se inverte. As reportagens elaboradas pelo personagem central de Avesso são inspiradas em experiências que o autor teve como repórter na região.
Assim, ao percorrer as páginas de Avesso o leitor encontrará, além de uma obra de ficção vibrante e contemporânea, um acurado e surpreendente documento jornalístico sobre a região amazônica.