Ritmo e melodia escapam pelos versos de Abel Dias, que constrói poemas harmônicos, intrigantes, que prendem o leitor pelo olhar questionador e atento sobre as coisas mais comuns do mundo. Não poderia ser diferente: letrista e músico, Abel está conectado não só aos seus próprios movimentos internos mas aos sons e barulhos ao seu redor, anotando conversas, ideias e divagações em despretensiosos guardanapos de bar, e trabalhando-os depois, com a acuidade, precisão e o labor intenso de um verdadeiro poeta. O resultado é uma poesia que nos faz saborear com intensidade O gosto dos dias. Que ousa mergulhar profundamente nas emoções, seja capturando a solidão alheia, seja refletindo sobre as dores, alegrias e desilusões das paixões, do viver, do envelhecer. Passeando pelas esquinas do Rio de Janeiro, escrevendo sobre o mar e sobre amor, dialogando com Drummond e Caymmi, Abel nunca deixa de cantar, em seus versos de uma elegância e por vezes um humor único, a beleza da existência.