Lançado originalmente em 1996, O rio do meio, de Lya Luft, foi um dos pioneiros em um gênero indefinido e inusitado na literatura brasileira: nem ficção, nem relato jornalístico. Original, o livro foi vencedor do prêmio de melhor obra do ano da Associação Paulista de Críticos de Artes (APCA). Lya entremeia, com maestria e sensibilidade, lembranças, ora em primeira pessoa sem que isso signifique estar fazendo autobiografia, ora em terceira sem que isso represente estar sendo objetiva. Minha literatura não emerge de águas tranqüilas: fala de minhas perplexidades enquanto ser humano, escorre de fendas onde se move algo, que, inalcançável, me desafia. Escrevo quase sempre sobre o que não sei, revela a autora. Com sua prosa delicada, num tom quase íntimo, sussurrando verdades no ouvido do leitor, Lya versa sobre as descobertas de uma criança intrigada com a vida e seus mistérios, sobre o amadurecimento do ser humano, com seus conflitos e alegrias, sua coragem e fracassos.