A urgência ética é uma característica de nosso tempo. Certamente, em cada grave crise do século passado, a humanidade defrontou-se com profundos problemas: guerras, genocídios, totalitarismos, ameaça nuclear, a injustiça econômica, etc. Em cada questão dessas havia um profundo desafio ético. Nenhuma delas foi superada definitivamente. O desafio permanece. Além disso, cresceu entre nós a sensação de que os problemas se avolumaram de uma forma absurda. Ao mesmo tempo, parece ter decrescido entre nós a confiança de que temos condições de resolvê-los. Vivemos, portanto, uma crise de civilização. Todos olham para a ética como uma espécie de bússola que teria condições de sinalizar a saída. Roy H. May, teólogo norte-americano que vive há mais de duas décadas na Costa Rica, sabe disso e apresenta-se para o diálogo. Sem uma retórica grandiloqüente ou assustadora, vai tecendo uma rede delicada de idéias, pedagogicamente alinhavadas, convidando-nos para ir além das superfícies. A ética, ensina May, aponta para nós mesmos. Só há uma saída e ela passa pelos seres humanos e sua capacidade de se responsabilizar. Não há receitas, mas um contínuo aprender a discernir, diante da urgência e nos contextos dados, as opções que permitem viver uma vida sempre mais construtiva.