Muitos foram os autores do romance moderno brasileiro que procuraram tratar em suas composições literárias as problemáticas que a psicanálise tenta responder, e parece que ninguém o fez melhor que Clarice Lispector. Em suas obras, permeia uma busca incansável em comunicar aquilo que é indizível, tendo freqüentemente o silêncio como forma de maior expressão, captado em sua dimensão ao mesmo tempo racional,inconsciente e errante, que busca se constituir equilibrando-se no jogo paradoxal entre o silêncio e a palavra; no entanto, nota-se uma grande perda de significado em sua obra se a analisarmos apenas pelo viés psicológico. No Limiar do Silêncio e da Letra, Maria Lucia Homem procura preencher essa lacuna, com sensibilidade capaz de perceber também os traços íntimos e os processos individuais da criação Clariciana.