Os avanços na investigação científica frequentemente estão relacionados com a disponibilidade de instrumentos para pesquisa, e têm impacto sobre as possibilidades de inovação tecnológica em outras áreas da atividade humana. Nos primeiros experimentos em física de partículas, que começaram a desvendar a estrutura microscópica da matéria, as medidas eram feitas até pelo próprio olho do observador. Era o caso do estudo de Rutherford, conduzido no início do século XX, sobre o espalhamento de partículas que atingiam um alvo fixo. Muito rapidamente as técnicas de observação evoluíram, e surgiram dispositivos como os contadores de cintilação, os contadores Geiger-Müller, os tubos foto-multiplicadores, os detectores a gás e a semicondutor etc. Paralelamente, nosso nível de compreensão sobre os fenômenos físicos foi cada vez mais refinado. Atualmente são construídos aceleradores de partículas com a capacidade de prospectar a estrutura da matéria a uma escala de distâncias extremamente pequenas. O LHC (Large Hadron Collider), por exemplo, tem sensibilidade de 10-19m, ou seja, pode fornecer informações sobre estruturas de tamanho 10 mil vezes menor que o diâmetro de um próton. O desenvolvimento e a operação dos instrumentos de pesquisa exigiu e contou com aprimoramentos tecnológicos na área de eletrônica, bem como nas áreas de aquisição, tratamento, transmissão e armazenamento de dados. Nos anos 1980, o mesmo laboratório que hoje opera o LHC - CERN (Centre Européen pour la Recherche Nucleaire) - promoveu a implementação da WWW (World Wide Web), inicialmente para compartilhamento de dados entre pesquisadores de colaborações científicas. Para o processamento do enorme volume de dados fornecidos pelo LHC, já está em utilização a tecnologia de GRID (Global Resource Information Distribution). Tanto a WWW quanto a GRID têm aplicações que se estendem muito além da pesquisa em física, chegando a fazer parte do dia a dia de quase toda a população mundial. O objetivo do livro Scientific Instrumentation for Physics Research é apresentar aos leitores interessados e aos especialistas uma vasta revisão da ciência e das tecnologias envolvidas na detecção de partículas. Naturalmente, esta revisão é acompanhada de artigos que descrevem os progressos recentes nas áreas de eletrônica, aquisição e tratamento de dados, e também de um artigo que apresenta aspectos do modelo teórico atualmente aceito para a descrição das partículas elementares. Outros capítulos propõem sessões de laboratório em que são demonstradas algumas das tecnologias anunciadas ao longo do texto. O texto foi escrito por autores renomados, que contribuíram substancialmente em diversos experimentos realizados em vários países. É, sem dúvida, uma peça de inestimável valor para todos que se interessem pelas infindáveis capacidades da instrumentação científica.