De repente, concluiu a montagem da farsa e disse: “confesse para a juíza que naquela noite Dandara recusou o seu convite para sair porque estava com uma dor de cabeça que não cedeu aos chás que a mãe lhe preparou e, no meio da madrugada, no escuro do quarto, engoliu o abortivo acreditando ser analgésico”. “Doutora! Isso é uma mentira atrás da outra”, não se conteve Nadie. “Se a justiça descobrir, eu...” “Calma. Nada de mal acontecerá” – atalhou a advo­gada –, “a mentira tem proteção legal”. Nadie e Dandara fizeram cara de paisagem. “Quero dizer, o culpado pode mentir à vontade para fazer a sua defesa. Isso é garantido por lei”.