Edison Carneiro foi um dos últimos representantes - e dos mais notáveis - de uma geração que se debatia entre estruturas acadêmicas e a tradição empírico-vocacional desordenada, mas criativa, dominantes na sua época. Ele inicia com invejável modéstia e invulgar seriedade, na sua obra, uma nova linha metodológica nos chamados estudos afro-brasileiros. Em Candomblés da Bahia, Carneiro definiu um roteiro metodológico que, desde então, tem servido de guia básico para todos os pesquisadores que, a partir daquela monografia singular, vêm estudando os candomblés da Bahia e os cultos afro-brasileiros em geral. Desde 1948, quando foi publicado em sua 1ª edição, esse livro tornou-se um clássico e obra indispensável de orientação e consulta. Nela estão a organização social dos terreiros, sua economia, o simbolismo de sua linguagem e de seu ritual, as hierarquias míticas e o sistema de controle intragrupal.