"Já eram quase cinco horas da manhã quando Ivan finalmente decidiu se matar. Depois de passar grande parte da noite agachado num canto do quarto, em silêncio, olhando o corpo nu de Ritinha sobre a cama, num sono profundo, o barulho dos carros e os primeiros movimentos da cidade que acordava o despertaram." "Era sábado. "Dia perfeito para morrer!", pensou ele. No fim da tarde já teriam se livrado da papelada no IML e poderiam começar o velório. Algum movimento durante a noite, poucos familiares de madrugada, e na manhã seguinte todos voltariam para o enterro. Algumas preces, a terra caindo e tudo finalizado antes do almoço. Ninguém perderia uma noite de sono, um dia de trabalho ou o futebol de domingo à tarde. Na segunda-feira tudo voltaria ao normal e as pessoas continuariam a levar suas vidas. Realmente sábado era o dia perfeito para morrer. Mas não foi por isso que decidiu morrer naquele dia, as coisas simplesmente aconteceram. Um quarto escuro. Uma mulher dormindo sobre a cama.[...]