Eles eram três. Amigos e companheiros de militância, na política e no jornalismo, na poesia e no nativismo. Num certo dia, no distante março de 1980, montaram em seus cavalos e deram início a uma jornada que marcaria para sempre a maneira como viam o mundo - especialmente aquele universo particular que habitavam, o território mítico do pampa. Saíram de Santa Maria e só pararam 13 dias depois, 600 quilômetros mais longe, no interior de Jaguarão, perto da divisa do Brasil com o Uruguai. Em seguida, contaram o que viram: o pior bolicho do mundo, o homem que se esconde em si mesmo, a hospitalidade campeira, as frustradas tertúlias em volta do fogo de chão, as desventuras do Tigre (o bravo cachorro que os acompanhou). Mais do que isso, relataram um momento singular na história daquele pedaço de chão: a chegada da televisão e o esmagamento que a nova cultura de massa provocava no imaginário do homem do campo.