Cronismo da Resistência busca investigar, pelo método da análise de conteúdo, as 37 crônicas reunidas em O ato e o fato, de autoria do escritor e jornalista carioca Carlos Heitor Cony. Publicada em 1964, ano de eclosão do golpe militar que levaria o Brasil a vinte e um anos de regime ditatorial, a obra concentra os textos escritos pelo autor, de 2 de abril a 9 de junho daquele ano, para o jornal Correio da Manhã. O estudo centra-se na interpretação das estratégias narrativas do cronista, cujo objetivo seria a ampliação da capacidade (estética) da crônica em promover a resistência ao movimento autoritário. Além das referidas narrativas e com vistas à construção do perfil profissional, literário e intelectual de Cony também foram realizadas leituras críticas de cerca de 450 crônicas do autor, muitas das quais encontradas nas coletâneas Da arte de falar mal (1963), Posto Seis (1965), Os anos mais antigos do passado (1998), O harém das bananeiras (1999), O suor e a lágrima (2002), O tudo e o nada (2004) e Eu, aos pedaços: memórias (2010). Com o mesmo propósito, recorreu-se, ainda, à leitura e investigação do ensaio memorialístico A revolução dos caranguejos, publicado em 2004. A busca pelo esclarecimento das estratégias narrativas do escritor traduz-se, por sua vez, na oportunidade para reflexão mesmo que paralela acerca das relações entre os acontecimentos sociopolíticos e a literatura brasileira pós-1964.