Depois de Na Patagônia e O vice-rei de Uidá, também publicados pela Companhia das Letras, em Utz Bruce Chatwin volta a mergulhar num outro e inusitado campo ficcional, o não menos surpreendente Leste europeu, aqui particularizado na figura de Kaspar Utz, tcheco de origem judaica cuja maior paixão eram as mais de mil estatuetas de porcelana de Meissen que abrigava em seu apartamento em Praga. Viajante exemplar, Chatwin foi capaz, como poucos, de captar os movimentos mais íntimos dos diversos mundos em que penetrou; exímio escritor, ele produziu uma obra de caráter único, lacônica, sensível e por vezes até humorística, na qual o prazer de contar uma boa história se une ao talento para construir personagens inesquecíveis, como o intrigante Utz, uma espécie de alquimista do século XX que buscava, na porcelana, os segredos da pedra filosofal, a substância da longevidade, da potência e da invulnerabilidade.