Mirinda, olhando de perto podia-se notar, tinha algo de especial. Era o brilho de seus olhos. Ela nunca se conformava com a falta de explicações. Como é que a água do rio pode ficar dependurada nas nuvens? Por que agora está claro, mas logo mais vai estar escuro? Como era muito curiosa, vivia perguntando. Um dia, ela quis saber o que havia do outro lado do córrego e ninguém conseguiu dar uma resposta satisfatória. Só há um jeito, pensou Mirinda, é ir até lá. Mas como atravessar o córrego?Mirinda era uma pequena formiga, não muito diferente de suas companheiras de formigueiro. Mas isso só à primeira vista: quem olhasse direito, não deixaria de perceber que ela tinha um brilho intenso e diferente no olhar. Era o brilho do olhar de quem não se cansa de fazer perguntas a respeito de tudo, o tempo todo, mesmo quando as respostas não vêm de imediato. Certo dia, Mirinda provocou um reboliço no formigueiro ao se obstinar em descobrir a resposta para uma pergunta particularmente difícil: o que existe do outro lado do córrego? Ninguém tinha a resposta. Então a pequena Mirinda descobriu o único jeito de conseguir as respostas que queria: atravessar, ela mesma, o córrego. Mas para isso, seria preciso desafiar os costumes do formigueiro...