Christa Notter é uma mulher suíça próxima dos seus 40 anos de idade que há algum tempo juntou-se a uma seita cujo líder impõe a seus comandados obediência cega a uma rotina dolorosa e angustiante de orações, ascetismo e auto-flagelação. Após um período de treinamento, cada membro da seita deve passar um mês sozinho, cada um deles aprimorando sua força interna para o grande evento de que tomarão parte ao se reencontrarem. Construindo uma narrativa que tem como cenários a Suíça, a França e a Irlanda, Hansjörg Schertenleib demonstra sua técnica de construção do romance. Suas camadas de passado e presente são interpostas com a carta que Christa Notter escreve para sua filha. Conta do modo servil do pai, cuja lógica silenciosa ela admirava, e do complicado amor pela mãe religiosa que se suicida por Deus ter permitido que adoecesse com câncer. Conta sobre o amor de juventude pelo vigário paroquial e dos atos sangrentos e ritos de iniciação da seita que combate a igreja. Confessa à filha ter assassinado o homem que a subjugara moralmente na juventude. E conta de Erich, um artista de rua que a faz se esquecer do ideal de vingança. Esses relatos intercalados fazem com que a história se apresente aos poucos e deixe sempre no ar um pequeno detalhe capaz de intrigar o leitor e levá-lo ao capítulo seguinte. A leitura de 'Os Inomináveis' nos remete aos casos dos escândalos da igreja que vieram à tona no começo dos anos 2000 e também às vítimas de Jim Jones e o Templo do Povo, estabelecido em Jonestown, na Guiana, no final dos anos 1970, e de David Koresh e seu rancho em Waco, Texas, já nos anos 1990. Porém, enquanto estes líderes conduziam seus seguidores a uma catarse de violência interna, o líder da seita de Christa Notter planeja dirigir a violência para o mundo exterior. E quando Christa precisa optar, ela opta pela vida em contraposição à morte.