Este é um livro autobiográfico. E ao escrevê-las, mesmo sem nenhum recurso ficcional, o autor simplesmente nos remete a um mundo fascinante. É uma história de vida incrível, desde a origem familiar, a imigração, o retorno às raízes europeias pouco antes de estourar a Segunda Grande Guerra e a participação no conflito como soldado alemão, a ocupação soviética no pós-guerra, o repatriamento, o trabalho nas grandes obras. Uma vivência que mais se aproxima da engenhosidade dos roteiros cinematográficos ou literários, mas que é pura memória, e realidade, fruto de uma aguçada consciência do mundo em que vivemos, e que muitas vezes destruímos. Guilherme Constantino nunca pretendeu ser escritor, mas o que fazer com tantas histórias vividas em tantos lugares como poucos viveram? De tanto a família e os amigos reclamarem, este livro foi publicado. Nele a origem familiar europeia, que sempre nos atrai por sua influência na formação do povo brasileiro. Não menos atrativa a vinda para o Brasil e as agruras dos imigrantes na nova terra. O retorno à Alemanha, onde estuda e acaba lutando na Segunda Guerra Mundial. Escapa aos terríveis bombardeios aliados e, após a derrota, sobrevive durante a ocupação soviética na zona oriental alemã. Uma verdadeira aventura. Consegue retornar ao Brasil, onde tem que refazer totalmente a sua vida. Não sem razão este livro recebeu o título de A Saga de um Gaúcho Obstinado: A incrível história de quem perdeu a querência e o nome. Guilherme E. Constantino (Kleist), o autor, nasceu em 1928, na vila de colonização italiana de Prata, mais tarde Nova Prata, no Rio Grande do Sul, segundo filho do médico alemão Dr. João Kleist e sua esposa Margarete, enfermeira voluntária na Primeira Grande Guerra Mundial. Até os dez anos de idade frequentou as escolas no estado gaúcho, quando, então, por ocasião do falecimento do pai, em 1938, transferiu-se com sua mãe para a Alemanha, vindo a morar na casa dos avós maternos. Acompanhou e participou de toda a Segunda Guerra Mundial na Alemanha. Com o fim do conflito, formou-se na escola comercial e, morando na Zona de Ocupação Soviética, dedicou-se em regime intensivo ao aprendizado da língua russa, que chegou a dominar perfeitamente. Em 1948, tendo conseguido se matricular na Missão Militar Brasileira para repatriamento, voltou ao Brasil. Exerceu várias atividades até assumir uma gerência administrativa na construtora americana Morrison-Knudsen, onde permaneceu por quinze anos, nos estados de Minas Gerais, Rio de Janeiro e São Paulo. Mais tarde, também em São Paulo, começou a trabalhar na CBPO e depois no grupo Paranapanema. Em 1970 fundou sua própria firma, a BONAL Borracha Natural SA, com propriedades e plantações no Acre, Pará e Maranhão. Saiu do grupo em 1997, por motivo de saúde, tendo se transferido para Florianópolis, em Santa Catarina, onde mora até o presente.