Escrever é uma viagem pelos dias acima. Quem escreve tem um mapa a desenhar-se na cabeça, uma bússola no coração, uma placa de titânio e sete parafusos a segurar as dores da inquietação. Para viajarmos temos que estar bem vivos. Respirar, querer ir aonde nunca fomos, respirar de novo. Sentir. Entender. Sofrer. E, se não existir um entendimento imediato, continuar a viagem dará, porventura, respostas íntimas, pessoais e, coisa estranha, também universais. As viagens têm cores, cheiros de outras vidas, de outras pátrias acostumadas aos viajantes. São feitas de um tempo fresco, tal como as pequenas fontes de movimentação circular e contínua que nunca secam nem mudam de lugar. E, todavia, o viajante é o próprio caminho mapeado pela esperança de uma vida melhor. Sete ondas ou um oceano inteiro separam as duas pátrias que Carla Mühlhaus tão bem conhece e descreve. Que tanto quer amar. Mas não há carruagens douradas para percorrer caminhos doces e idílicos. Ali, mais à frente, as (...)