Se há algo que tem tido pouca atenção da produção acadêmica e do interesse dos leitores, quando o assunto é o Concílio Vaticano II, é a interpretação que os documentos conciliares dão das ciências naturais. O propósito da presente obra é justamente mostrar a importância desse tema, dada a presença e o impacto da ciência e da tecnologia em nossas vidas, e indicar parâmetros para a leitura do que efetivamente está em jogo, tanto em termos históricos como sistemáticos. Começamos, assim, indicando como a Igreja recebe, a partir do séc. XVII, a progressiva emergência de uma visão mecânica do mundo, tendo Galileu um lugar de destaque. O próximo momento a ser destacado é a progressiva consciência da evolução da biosfera e das espécies e o impacto disso na visão bíblica dos processos da natureza, sendo o nome a ser lembrado o de Charles Darwin. O livro mostra a maneira como autores significativos e documentos papais reagiram a essa concepção de mundo até meados do século XX, gestando as posturas que viriam a ser discutidas no Concílio. Após uma análise mais cuidadosa do que surgiu neste, e de como as discussões se desenvolveram entre teólogos e padres conciliares, o livro apresenta desenvolvimentos recentes do magistério, onde se destaca a progressiva aceitação do que as ciências naturais apresentam no que têm de melhor.