Foi ao longo de toda a sua vivência dentro e fora do Japão que o historiador de literatura e acadêmico Shuichi Kato observou as diferenças na produção cultural de seu país com relação à da Europa e América do Norte. Kato concluiu esta obra, algo como um epílogo a seu pensamento, pouco antes de falecer, em 2008. O tempo, demonstra o autor, é elástico de acordo com as conveniências: é preciso que haja espaço e tempo para que as coisas fluam e aconteçam. Para que não haja estagnação. "Passei a ter um interesse cada vez mais forte a respeito de qual consciência de tempo caracterizaria a cultura japonesa e qual está viva, o tempo que avança rápido/lentamente, o tempo finito/infinito que se volta para uma direção em uma linha reta, o tempo cíclico e não cíclico", diz Kato. O presente do que denomina de "agora = aqui" é o que importa, mas ele pode se ampliar ou reduzir, assim como é feito com o espaço interior e exterior das casas japonesas, de acordo com as necessidades. Em japonês, as palavras jikan ("tempo") e k?kan ("espaço") compartilham um mesmo ideograma, que por si só contém o significado de tempo-espaço quando pensado em termos de intervalo temporal ou espacial. Não se trata, contudo, apenas daquele que é preenchido, mas do espaço vazio, ou aparentemente vazio, por conter um significado e uma relevância. Além dessa questão da identidade tempo-espaço que subjaz no pensamento japonês e que se torna visível nas manifestações culturais por ele demonstradas, o autor mostra a forma de organização espacial cuja tônica recai sobre a assimetria nas artes e a horizontalidade na arquitetura. Está presente ainda em tradições tão distintas quanto a cerimônia do chá e a dança japonesa, na qual os profissionais nunca erguem os dois pés do chão ao mesmo tempo, como observa Kato. Shuichi Kato, autor e crítico reconhecido pelos seus trabalhos sobre literatura e cultura japonesas, nos apresenta um verdadeiro tratado sobre a nação japonesa a partir de dois conceitos-chave: o tempo e o espaço. O autor recorre a uma série de exemplos da arquitetura do Japão, arte pictórica e literatura, sem esquecer dos padrões de ação, crenças religiosas e questões linguísticas para embasar sua tese.Shuichi Kato, autor e crítico reconhecido pelos seus trabalhos sobre literatura e cultura japonesas, nos apresenta um verdadeiro tratado sobre a nação japonesa a partir de dois conceitos-chave: o tempo e o espaço. O autor recorre a uma série de exemplos da arquitetura do Japão, arte pictórica e literatura, sem esquecer dos padrões de ação, crenças religiosas e questões linguísticas para embasar sua tese.