Do deslumbramento à denúncia; da reminiscência ao grotesco. Argentino naturalizado brasileiro, Lizárraga mistura registros da memória, momentos de relance e anotações cheias de ironia. Da infância, ele faz um laboratório para produzir uma forma imaginária de realismo, perturbadora e necessária. Com uma sátira perversa, ele expressa o desencantamento com a vida administrada e a falsa sentimentalidade. “São fragmentos cheios de ecos e insinuações”, segundo Vilma Arêas, autora do prefácio. Sumário O Construtor de Mirantes – Vilma Aréas Comunicados Lacônicos dentro da chuva aprisiono palavrasuma revoada de estrelasquando criança usava o tempoquando era criançacaramujosobscena vegetação limítrofecais flutuantesquando meu corpo amano bojo do pelicanoencurralado entre rolossobre campos adestradoso caracol arquiva em espiralocultos no tubo gelatinosoo rádio de pilha não funciona maisborn in South Americaexistem fortes indícioso café adormece na xícarano corpo tatuado de orgasmosescorando uma cama de tetoas baby-sitters beijavam-sesul / sud / surde costas para a arquibancadaquando o sol desfolha as árvoreshomens cheirando a capimo caracol está com frioBetty Boop ingeriu um filhonos prédios engavetadossofrendo pesadas baixasa bomba de gasolina acordouo general monógamofrondosa matriarcapeixes subterrâneos nadamo ruídoos relógios de pontoentre manequins de tendência femininagravador de teclas desiguaismulheres com sabor de caramelonoite sem fuso horárioadolescentes excêntricosnuma praiaGodot chegou cedohelicópteros de fabricação inéditaà minha frentehomens simultâneos corremo último vagãoo vaga-lumeo serviço meteorológicoCubatãoretratos prêt-a-porterrefugiadospardal autodidatacada paralelepípedo tem seu lardepois de redatar seu corpoo domingo acorda explodindopermite-se a permanênciao grito de gol suicida-seestuário de águas enrugadasradar clandestino localizao primeiro gol custou três vinténssobre o aterro de amebas melindrosasdevemos prestigiar a dignidadeeducadora equipada com dedos apáticosa tarde ficou de joelhosa mãe adotiva de Adãoninfeta de masculinidade a toda prova apresentaresíduos de ruas atropelam-sedia a dia mudo de lugarlacônico comunicadogotas de poliésterdurante o desbravamentode péexistem tênues galeriasna promiscuidade plana das estradasexiste um chafarizencostada num tendão de luzMalta / Valletaas velhas árvoresno domingo untado de solnas sombras da praiabidê vorazancas urbanasum desconhecido anônimona banheira continuoa tabuleta que proíbeentrevistando famíliaso dia reiniciaquando o medo tem fomeo vasilhame da massa de tomateexiste um homem que constrói mirantescom os sobreviventesSobre o Autor Agradecimentos