O livro “Sétimo céu”, de Alice Hoffman, começa no final dos anos 50, Long Island, rua Hemlock. Que segredos podem estar guardados na banalidade de uma rua de casas idênticas e jardins repetitivos? Talvez os mais inconfessáveis, escondidos por trás dos gramados bem aparados, da roupa lavada, do cheiro das tortas impregnando tudo com o perfume ilusório da paz doméstica. Um dado novo, um elemento estranho e a paz se esfacela como louça que cai no chão da cozinha. Nora Silk está prestes a perturbar esse frágil equilíbrio. Divorciada, jovem e sedutora, ela acaba de se mudar para a rua Hemlock, com os dois filhos: Billy, e James. Como espinhos, eles encravam-se nesse monolítico corpo feito da linearidade das famílias, do medo disfarçado, tédio, desejos e superstições. Na rua Hemlock, tudo gira em torno daquele tênue equilíbrio que teima em se pôr sempre em movimento, impondo uma eterna reorganização de si mesmo – como um organismo que, atacado por um espinho, finalmente o absorve.